segunda-feira, 21 de março de 2016

O Homem, O Animal, O Trabalho e a Cultura




O que é o homem?
O que é seu contexto
Onde é que o homem se encaixa neste contexto?
O que o diferencia de todas as outras criaturas?
Talvez começar a responder a essas perguntas não seja o esforço colossal que se imagine. 
Ou fosse mais simples responder se a filosofia fosse via de regra em nossas escolas e, não a bruxa maquiavélica (termo de errônea utilização) que a nação cristã pintou para nós (e disso falaremos mais tarde).
Filosofia da filosofia a parte, tratemos do assunto proposto.
O homem difere-se do restante da natureza, ou dos outros animais, por sua capacidade cognitiva. Capacidade que lhe permite a fala(a linguagem), o trabalho e a sintetização da observação do mundo ao seu redor, produzindo um "mundo" único, particularizado e solitário.
Dizemos que nos  humanizamos, ou nos tornamos humanos, quando construímos nossas sociedades e conceitos sociais. Sentimentos pertinentes somente, e exclusivamente, a nós, são a mostra de o que nos torna humanos:
Afetividade, o choro, o riso, a ironia, a reverência, o ódio e tantas outras manifestações.
Estas são as práticas de conceitos restritos de nossa raça e, que nos definem; o bolo de milho que sua avó fazia, que sua mãe aprendeu a receita e chegou até você chamamos cultura, que só lhe foi apresentado mediante os conhecimentos proporcionados justamente pela capacidade  de aprendizado, de trabalho e de fala (pela escrita, mas mais tarde).
E só o homem é capaz de desenvolver o conceito de "trabalho" em si. Não o trabalho que o leitor, apressado e já desiludido, possa pensar.
A esse trabalho dou a palavra a Maria Lúcia Aranha e Maria Helena Pires Martins:
"O trabalho é atividade humana por excelência, pelo qual o homem transforma a natureza e a si mesmo. Mas, nos sistemas onde persiste a exploração, ao invés de contribuir para a liberdade do homem, o trabalho torna-se a condição de sua alienação."
Para tanto o trabalho ao qual me refiro é aquele que transforma e liberta o homem, através de suas obras, diferente do animal que  ignora a finalidade de suas ações, seguindo estritamente seus instintos.
A ver.






Os insetos estão em um patamar mais "abaixo" na escala zoológica de desenvolvimento, apenas realizando funções de reflexo e instinto. O que produz uma inflexibilidade  em seu modo de agir e causa, muitas vezes em nós, uma ilusão de perfeição na natureza. No entanto estes atos são reflexos das programações biológicas presentes em cada espécie, não contendo história e não sendo renováveis
Por exemplo, certo tipo de vespa constrói o invólucro de sua larva, depositando outros insetos capturados para alimentá-la mas, se retirarmos a larva, a vespa continuará a colocar carcaças para a alimentação, ignorando a finalidade de sua ação.
No patamar mais alto desta escala encontramos animais que efetuam atos inteligentes por "escaparem" à condição de reflexos e instintos. Sendo capazes de responder a estímulos de novas situações que fujam à programação biológica.
O cão, por exemplo, que responde a frase do dono: "Vamos passear?" abanando o rabo e com o "parecer" de felicidade, não dá tal resposta porque compreendeu a frase em si.
Mas compreende, pelas experiências vividas anteriormente, que as expressões corporais do dono indicam o passeio.
Cesar Millan, adestrador mexicano, sempre chama a atenção de que nossos cães não nos vêem com o "carinho" e o "amor" que imaginamos mas que respondem a seu instinto de seguir o "chefe" da matilha, tal qual seu primo, e precursor, o lobo. Sua aparente empatia, faz parte de sua condição selvagem onde o provedor de alimentos é o guia, o Alfa
Para tanto o cão jamais saberá a razão do passeio, só sabe que sairá a rua. Concretizando o fato de que o único animal que discerne a finalidade de seus atos é o homem e, apenas o homem é, passível de criar o trabalho.







Então o homem sendo o único capaz de compreender, e empreender, ações com fins definidos e capazes de modificar a natureza ao seu redor, é o homem, também e somente, o único capaz de produzir cultura. Produzindo cultura o homem cria um mundo artificial, ou não mais passível de ser chamado natural, constituindo assim um mundo puramente humano, ou humanizado
Aqui um por menor, talvez o leitor pense:
"Este conceito é errado! Animais também pensam e arquitetam maneiras de sobreviver, empreendendo maneiras de executar ações pensadas."
De fato! Todavia nenhuma destas ações "pensadas" escapará ao fator sobrevivência, não modificará a natureza e nem gerará cultura. Por exemplo:
Os búfalos jamais juntariam-se em uma caçada organizada para extinguirem os leões. Ora, não são os leões a causa da morte de vários búfalos?
Apenas o homem, ameaçado por outra espécie, daria cabo de sua existência, modificando a natureza pois, de alguma maneira, o desparecimento de uma espécie afetaria o equilíbrio desta. Por menor finalizado.
Um mundo humanizado atende às demandas puramente humanas, transformando o homem em produtor de si mesmo, em projetista de seu próprio filme.
Através da certeza de qual fim é o desejado, através do trabalho e dos comportamentos diante de várias situações, o homem estabelece a sua cultura.
E o trabalho e a sua resposta, que é a cultura, são filhos do mesmo mecanismo:
A fala.
A fala que gera a linguagem, o signo e o símbolo, que permearão a maneira como o homem desenvolverá o trabalho e a cultura.
Todos a serem discutidos no próximo texto.

Referências:
"Introdução a Filosofia" Editora Moderna 1° edição.
Maria Lúcia de Arruda Aranha e Maria Helena Pires Martins
Renê Magrite; B. Reymond; Paul Guilhaume; Köhler; Vieira Pinto; Graciliano Ramos; George Orwell;  Heidegger; Peter Berger; Cesar Millan;
direitos originais reservados aos autores. Este blog apenas opina acerca dos assuntos discutidos.

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