sábado, 2 de abril de 2016

Linguagem, Símbolo, Signo e Ícone




Como vimos anteriormente a linguagem, ou a fala, é o que difere o homem do mundo natural, ou da natureza; de fato, com efeito, o homem produz um mundo não natural, ou artificial quando produz sua cultura. Mas como isso se dá? Qual a senha para este mundo? É como é que o construímos?

A linguagem humana é um sistema simbólico, ou de símbolos, onde criamos signos arbitrários para definir os objetos que estes signos representam. Signos estes que dependem exclusivamente da aceitação social, ou seja, dependem que cada membro da sociedade, de determinada língua, reconheça tais símbolos. Ora, uma garrafa só é garrafa enquanto assim determinamos, pois o nome garrafa foi dado por nós.
Quando damos nomes, individualizamos as coisas, e as separamos de todo o restante. Ao dizermos "garrafa" todo indivíduo saberá do que se trata.
Com os objetos e coisas nomeados(as) em nossa consciência separamo-nos da inteligência concreta e intuitiva animal e adentramos o mundo simbólico. Nomeando também as entidades abstratas, ou seja que só podem existir em nossos pensamentos, a angústia não é tangível, ou visível como a garrafa, mas qualquer pessoa sabe o que ela representa. A linguagem nos permite fugir da reação ao imediato, passando a conjecturar a cerca do passado e do futuro e a construir seu próprio projeto de vida.





A linguagem é construída em sistemas de signos. O signo é a representação de algo no lugar de outro, sob alguns aspectos. Mostrar o polegar em riste, com o restante dos dedos contraídos, indica que está tudo bem, dispensando o ato de dizer que está tudo bem.
Então se o signo está no lugar do objeto que representa, pode assumir vários aspectos baseados na relação que o objeto possua com o signo.
Em relação de semelhança, chamamos os signo de ícone. O desenho é o exemplo perfeito de signo do tipo ícone. O desenho da tal garrafa automaticamente evocará a ideia da garrafa real em nossa memória.
Chamamos de signo índice aquela relação de causa e efeito dos objetos e coisas. Por exemplo o cheiro de queimado é índice de fogo (efeito do fogo), nuvens são índices de chuva (causa da chuva). Signos são, portanto, sinais que indicam para tal objeto ou coisa.
E a relação de arbitrariedade é a convencional que viemos discutindo por todo o texto, ou seja, o ato de chamar garrafa determinado objeto.
Criamos também relações com outros símbolos, além daqueles contidos nas palavras; usar preto como luto, amarelo-ouro esperando sorte, branco como pureza e assim sucessivamente, dependendo do sistema de cada cultura humana. Daí a conclusão de que apenas o mundo humano, ou humanizado, é simbólico.





Dentro desta simbologia podemos ainda dividir nossos pensamentos.
Há o pensamento concreto, baseado na percepção, representando objetos reais, reagindo a imediatividade, a sensibilidade e a intuitividade. Há o pensamento abstrato, que cria relações e conceitos do que não é perceptível e precisa da linguagem e da racionalidade.
Fazendo-se então necessário que criem-se tipos de linguagem para cada tipo de pensamento. O mundo das idéias precisa de um sistema de símbolos próprio para ultrapassar a linha do imediato.
Um bom exemplo são as diferentes línguas que falamos; organizadas de maneiras próprias e com repertório particularizado, cada uma delas representa sua ideia de realidade.
Ao olhar para a selva, você ou eu, veríamos apenas aquela vastidão verde. O índio, no entanto, vê muito além do tapete de árvores, sabe o comportamento dos animais, onde achar comida e remédios; uma árvore comum para nós é, para eles, muito mais que isso. Como utilizam palavras, assim como nós, para determinar as coisas, podemos dizer que a linguagem depende, também, da percepção da realidade, da abstração e da generalização do pensamento.

Ao percebermos nossa realidade e construírmos nossa linguagem através dessa observação, começamos a abstrar, ou seja, a filosofar a cerca de nossa existência.
Chegamos nesse ponto às construções míticas, ou consciência mítica. Tentando entender e atribuir a nós mesmos, um papel maior do que o de meramente estarmos vivos. Onde surgem os questionamentos:
"De onde viemos e, para onde vamos?"
A serem discutidos mais adiante.


Referências:
Maria Lúcia de Arruda Aranha;
Maria Helena Pires Martins;
Bernadet, Jean Claude;
Gusdorf, "A Fala";
Sanders, Pierce: " Semiótica ";
Lopes, Edward;
Todos os direitos reservados aos autores.
Este blog apenas expõe sua própria opinião e evoca à discussão filosófica.

Um comentário:

  1. Isso mostra como pode ter tanta diversidade cultural dos gregos,europeus . lusos um complementando outro pois sua origem se deu juntamente diversificando nos teoremas e na aplicação pois a linguagem se formou dessa base e do indíviduo no coletivo !!!

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